Há as tatuagens simbólicas do
momento, as eternas e aquelas estúpidas e sem coerência. Mas existe uma
tatuagem mais profunda do que aquela que se grava na pele, é aquela que se
desenha sem pedirmos ou idealizarmos o desenho, são as cicatrizes da vida. Estas representam cada momento que viveste seja
ele bom ou mau. Não tens que te sentir incomodado com esses desenhos em modo de
tattoo no teu peito, eles refletem
todas as tuas experiências e consequentes aprendizagens, fazem parte de ti e
dizem mais de ti do que julgas, são o espelho da tua alma, o que és a eles
deves. Tudo na vida tem o seu tempo e portanto não cries uma guerra com a
própria natureza, serás inevitavelmente vencido. Se perdeste um amor, um
ente-querido ou seja lá o que for, não tentes arrancar a caspinha da ferida com
a mesma força, ira ou nostalgia que te corre nas veias a cicatriz.
O ser humano tende a agir
infantilmente quando percebe que há coisas na vida que não dependem
exclusivamente dele. A única coisa que tu podes controlar és tu, é a ti, só a
ti. A vida circula na medida do seu próprio relógio, os ponteiros só tem uma
única direção, assim como deve ser a tua vida, sempre caminhando para a frente.
Não sejas infantil, não julgues que podes retirar a caspinha que te faz
comichão na pele, mesmo que seja só um pequeno pedacinho, ela vai doer-te na
mesma e sabes porque? Porque não é a altura certa para ser tirada, ela sarara
por si própria, deixa-a secar sozinha e à luz do tempo, ela curar-se-á
naturalmente. Se pensas que a ferida está sarada só porque já criou a dita
caspinha, enganaste e bem pois se a retirares vai correr gotinhas de sangue, a
nova pele estará muito avermelhada portanto não alteres o tempo das coisas
deixa as coisas serem transformadas por ele.
Infelizmente e apesar de vivermos em pleno século XXI ainda
moram muitos estereótipos -contra as gentes
que tem gravadas na pele as tatuagens no verdadeiro sentido da palavra. E
questiono-me, porquê? É simples a resposta. As pessoas vivem de tendências e
são conformistas, se um critica, todos criticam e por vezes nem tem argumentos
lógicos para utilizar no seu discurso aquando interrogado as razões contra essa perceção. Como costumo mencionar
a coisa mais difícil de mudar na vida não é feitios, é as mentalidades. Treinar
o pensamento é arte e andam por aqui muita gente
armada em Picasso da vida. Qual é a diferença de uma tatuagem na pele e de uma
cicatriz no peito? Sê inteligente e acompanha o meu raciocínio, por favor. Se
ainda não encontraste a resposta, relê a questão que acabo de te levantar.
Conseguiste? Ótimo! A diferenciação está simplesmente no modo de gravar porque
a matéria é a mesma. Compreendeste? Passo a explicar-te pormenorizadamente. O
que muda é o sítio onde está tatuado
o que tu és porque são o x da equação
da tua vida. Atinge de uma vez por todas que toda a queda te lesiona e te deixa
cicatrizes. Agora é a parte que tu já devias ter-te questionado sobre se tenho
ou não uma tatuagem na pele. Respondo-te que não. E tu devias perguntar-me
novamente então e porque? É muito simples.
O conceito eterno é relativo para mim mas ainda assim considero que seja
uma “decisão para a vida”, ou seja, é um momento que tu decides gravar
visivelmente aquilo que vive no motor de ti, do teu coração, é quando tu
transportas para a tua pele ou que tens já tatuado no teu mais intimo. Só vale
a pena se for para enfatizar. Até poderia inventar agora um provérbio baseado
naquele tão usual: “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, então “olha para
a minha pele e visualizas o meu coração”. É tudo uma questão de cicatrizes e só
representam alguma coisa de facto se te marcaram, lembra-te disso. O que tu
viveste e és está tatuado em ti e não é como tu quando precisas de fazer uma
operação que fica normalmente tudo bem. Tu não podes mexer nessas marcas,
espelham muito de ti mas não podes viver também condicionado a elas. Solta-te!
No fundo cabe a ti decidir a tua vida, o gravado não se desgrava com a mesma facilidade
que foi feito mas tu podes contornar ou mudar a conceção do desenho. Está nas
tuas mãos!
Não faças nada por fazer nem deixes de fazer aquilo que
desejas.