sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

O sistema defensivo de Elvas - as Guaritas

                                                                                                                      


Fotografia de Susana Teixeira,
Poema da autoria de Laura Largueiras redigido no âmbito da Iª edição do Concurso FAR Play,  Elvas, 2021 
Revisão de texto e contéudos históricos por Maria José Ferreira


Elvas, um território peculiar,

delimitado pelos afluentes do rio Caia e Guadiana, seus recursos hidrográficos,

e por um relevo pouco acidentado, que o carateriza a nível topográfico,

apresenta uma posição geoestratégica singular,

encontrando-se às portas de Espanha, o que faz dela uma cidade raiana,

que teve em Época Moderna, um aumento populacional,

nesta altura, a prioridade era o espaço urbano, defender,

e por isso, muralhas tiveram que se erguer.

 

Elvas, tornou-se o centro do governo das armas da província,

é a primeira cidade a receber obras de fortificação,

as mais extensas e complexas de toda a fronteira continental,

uma praça de guerra moderna, um núcleo urbano militarizado

e amuralhado, um sistema abaluartado, sem igual.

 

Elvas, é um notável exemplo da arte de fortificar,

um sistema abaluartado, que se carateriza por uma construção em módulo,

baluarte, estrutura pentagonal irregular que se destaca do conjunto amuralhado,

constituem uma solução arquitetónica, uma construção nova,

que obedece a regras precisas para tornar forte um território,

o que implica engenho e uso inteligente do terreno,

e conhecimento em cálculo, desenho prévio, aritmética e geometria,

para a conceção do sistema de defesa, que envolve uma complexa artilharia.


Elvas, é o maior sistema defensivo de muralhas com fosso seco do Mundo,

um território dotado de fortificações construídas nas colinas circundantes,

erguidas para responder às necessidades de defesa,

originadas no século XVII pelos desequilíbrios do poder da Europa,

teve por isso, um papel notório, na defesa do território,

e na luta pela independência, prevenindo de eventuais contingências,

as muralhas, refletem as memórias e as histórias,

dos soldados que conviveram sempre lado-a-lado

com o perigo, os quais sempre defenderam do exército inimigo!

Elvas, é a Chave do Reino,

intitulada assim, por ter sido no período da Restauração,

um notável exemplo de uma cidade de guarnição, pela defesa da nação!

 

Elvas, é uma cidade que teve um papel principal,

resultante da sua posição geográfica singular,

uma linha de defesa excecional,

garantindo que o inimigo não chegasse à capital,

assim, tinha que garantir o bloqueio do percurso ideal, entre Espanha e Portugal,

para Lisboa, não alcançar, esta porta, tinha que se encerrar!

 

Elvas, insere-se num perímetro amuralhado,

em forma de polígono irregular, em formato estrelado,

que constitui o maior sistema de fortificações do mundo, abaluartado,

com vários ângulos flanqueados, onde existem sempre guaritas,

construídas no ponto mais saliente dos baluartes das fortificações,

que permitiam avistar o inimigo, evitando de eventuais invasões!

 

As guaritas, construídas com mestria,

são elementos na arquitetura militar abaluartada,

uma expressão artística, imprescindível para o ato de vigia,

implementadas estrategicamente em ângulos salientes,

nas cortinas, nos ângulos flanqueados, nos revelins e nos baluartes, 

o que permitia uma vista mais desembaraçada e abrangente,

as guaritas tornaram-se caraterísticas do sistema defensivo moderno,

existem em Elvas, nos fortes e nas muralhas,

e simbolizam autênticos suportes para o auxílio nas batalhas.

 

As guaritas,

permitiam os olhares concentrados, dos inúmeros soldados,

como se tivessem escondidos em uma pequena janela,

e daí o termo legado e ainda hoje expressado:  estás de sentinela!

 

As guaritas

são pequenos “abrigos”,

que permitiu detetar de longe, os iminentes perigos,

foram um elemento inovador,

que permitiu alertar a guarnição, caso houvesse,

proximidade de exército invasor.

 

Nas guaritas,

só poderiam um único soldado estar,

e por isso, era muito importante as medidas da sua largura e altura,

para que estes não pudessem de forma alguma, sentar ou deitar.  

pelas frestas, poderem observar e qualquer movimento, informar.  

estas características revelam uma notável mestria na arte de edificar.

 

As guaritas de Elvas,

são pequenas “torres” que ressaltam na paisagem,

sobressaem de toda o sistema edificado e amuralhado,

tanto em termos de linha do horizonte, pela sua verticalidade,

como pelos seus pormenores decorativos,

estruturas que tiveram papéis decisivos.

 

As guaritas de Elvas,

inserem-se nas muralhas abaluartadas,

edificadas para proteger as populações de ataques de artilharia,

uma construção de uma imponente engenharia,

juntando-se as covas de lobo, existentes no Forte da Graça e de Santa Luzia,

elementos que serviriam de um complemento às armadilhas.

 

A arquitetura das guaritas de Elvas,

obedecem às recomendações do Tratado do Engenheiro Português,

eram estruturas delineadas e construídas estrategicamente,

ao nível das suas dimensões, que deveriam seguir pré-definidos padrões.

são de tipologias variáveis,

desde redonda, quadrada, pentatónica, estrela, hexagonal e octogonal,

que definem uma arquitetura excecional!

 

Nas guaritas de Elvas,

o seu formato depende das zonas, onde foram implementadas

atualmente, contabilizam-se meia centúria,

são maiores em altura, o que lhe imprime uma maior beleza,

sem nunca perder o genuíno significado, o de defender … com toda a destreza!

 

Elvas, é uma cidade com uma estrutura bélica ímpar,

O que lhe conferiu o título de Património Mundial da UNESCO,

Que inclui a muralha abaluartada, os dois fortes, os três fortins e o ex-libris do Aqueduto da Amoreira,

Elvas, é um bem patrimonial, sem igual,

com mais de uma centúria de edifícios de cariz militar,

perita em dar resposta aos vizinhos espanhóis que queriam conflituar.

 

Muitos foram os que partiram a lutar pela nação,

e outros que ajudaram a construir estes monumentos,

hoje, são classificados por terem sido alvo de uma análise de critérios de avaliação,

o que conferiu a Elvas, o título de “cidade-quartel”,

reconhecendo-se o seu valor universal e excecional,

atestado pelo nível de conservação,

de integridade e autenticidade,

que se encontram nestes monumentos desta cidade,

um lugar a descobrir, a visitar e a sentir!  

 

Por isso, visite Elvas,

espreite pela guarita,

e embarque nesta viagem, de uma cidade com uma esplêndida paisagem,

na qual se alcançará historicamente muita aprendizagem!